O Ministério da Saúde deveria alertar: “PANETONES PROVOCAM INSÔNIA”.
São, quero crer, aproximadamente quatro da manhã e é a terceira vez que desperto por sonhos (ou pesadelos).
Quando o bife chegou na mesa parecia que estava à beira de um ataque de nervos. Tanto que fiquei com medo de lhe mostrar a faca. Olhei para o garçom e arrisquei:
— Você vai trazer o molho de Rivotril?
Jestyn Reginald Austin Plantagenet Philipps, o Segundo Visconde de St. Davids, era — como deve ser todo britânico de boa cepa —, um homem excêntrico.
Encaixou meticulosamente a piteira de plástico na mangueira do narguilé. Levou-a com calma à boca e aspirou com intensidade. Fitou o teto exoticamente decorado como se o tempo não existisse e, com expressão sonhadora, foi deixando, pouco a pouco, fluir pela boca uma fumaça Continue lendo →
Vestido com o uniforme cinza e verde da St. Davids’ School (extinta escola do sul de Londres) diminuía o passo – quase parando e com olhos muito abertos – para olhar para dentro do PUB e esperar que alguém, fortuitamente, abrisse a porta para que eu pudesse, de modo quase furtivo, vislumbrar o interior. Continue lendo →
Madame Debril bem que me avisou: leve um lanche, bastante água e comece o caminho bem cedo. Sorri para ela e disse que faria isso. [Para não dizer o contrário!] Agora — sol a pino —, perdido na Route de Napoléon entre a França e a Espanha; suado, cansado, desidratado e tonto, sei que vou morrer. Continue lendo →
As rodinhas não funcionam no chão de cascalho: tenho que levantar as malas e caminhar os cem metros que me separam do chalé. Paro na porta, suado, e olho ao redor. O silêncio é apenas cortado por um carro que passa pela estrada. O local não chega a ser “bonito”. De repente, sinto-me cansado e só…
Quatro da tarde. O remis desacelera, cruza o acostamento da Ruta 92 e encosta perto da guarita que protege a entrada da Pousada. Saltamos. O motorista e eu. O local é simpático: um aglomerado de casinhas rústicas um pouco isoladas umas das outras. Olho em volta e vejo apenas um segurança no portão. Havíamos chegado! Mas… Como proceder? Continue lendo →
Mendoza não é a Borgonha. Não se espera que, no Vale de Uco, algum fator climático transforme uma colheita promissora em um desastre da noite para o dia. Ainda assim constato — sob o sol inclemente —, que minhas petit verdot precisam ser colhidas. Se elas falassem, talvez estivessem implorando… Continue lendo →
Embora não seja verdade absoluta que o vinho melhora com a idade, hoje posso afirmar com certeza que a idade melhora com o vinho. A parte triste deste aforismo é que, para que tenha credibilidade, é necessário que tenha partido de alguém que tenha envelhecido. O que é algo triste de reconhecer… Continue lendo →