O Ministério da Saúde deveria alertar: “PANETONES PROVOCAM INSÔNIA”.
São, quero crer, aproximadamente quatro da manhã e é a terceira vez que desperto por sonhos (ou pesadelos).
Quando o bife chegou na mesa parecia que estava à beira de um ataque de nervos. Tanto que fiquei com medo de lhe mostrar a faca. Olhei para o garçom e arrisquei:
— Você vai trazer o molho de Rivotril?
Jestyn Reginald Austin Plantagenet Philipps, o Segundo Visconde de St. Davids, era — como deve ser todo britânico de boa cepa —, um homem excêntrico.
Em um exercício republicano — tomando as mesmas liberdades com a língua que nossa “Presidenta” —, tenho dito que sou “economisto”. Poderia — quem sabe baseado na quinta emenda da Constituição dos Estados Unidos? —, ficar calado. Mas minha história pessoal me delataria. Sem prêmios. Continue lendo →
Encaixou meticulosamente a piteira de plástico na mangueira do narguilé. Levou-a com calma à boca e aspirou com intensidade. Fitou o teto exoticamente decorado como se o tempo não existisse e, com expressão sonhadora, foi deixando, pouco a pouco, fluir pela boca uma fumaça Continue lendo →
Vestido com o uniforme cinza e verde da St. Davids’ School (extinta escola do sul de Londres) diminuía o passo – quase parando e com olhos muito abertos – para olhar para dentro do PUB e esperar que alguém, fortuitamente, abrisse a porta para que eu pudesse, de modo quase furtivo, vislumbrar o interior. Continue lendo →
Com uma elegância que traduzia muitos anos de prática, ela levou a taça ao nariz, fechou os olhos e aspirou profunda e lentamente. Afastando o nariz da taça, girou o vinho algumas vezes e repetiu o ritual. Tomou um gole, cuspiu, e em seguida — como que em transe — olhou para mim e perguntou: Continue lendo →
– Dou-lhe uma notícia, que certamente não espera. Saiba que fiz… fiz um vinho.
– Um vinho! – exclamou o bacharel.
Exausto — imundamente coberto de mosto e com frio —, abro a porta da cabana que aluguei para ficar durante a colheita. Entro, visto um agasalho que estava sobre a mesa e procuro, com os olhos, uma garrafa de tinto entre tantas empilhadas em um canto. Garrafa aberta e já com uma taça de Malbec na mão Continue lendo →
Michel Rolland é uma invenção de Jonathan Nossiter. Antes de Mondovino, poucos se preocupavam com a resistência dos “terroiristas” contra a inexorabilidade da globalização. Após o documentário, o ato de beber vinhos virou uma manifestação ideológica.
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Nam facilisis venenatis neque, sed gravida arcu porta ut. Praesent fringilla ultrices leo et vehicula. Quisque pretium quam eleifend urna pharetra in rhoncus tortor vehicula. Pellentesque justo elit, consequat vitae mattis at, pellentesque.
Madame Debril bem que me avisou: leve um lanche, bastante água e comece o caminho bem cedo. Sorri para ela e disse que faria isso. [Para não dizer o contrário!] Agora — sol a pino —, perdido na Route de Napoléon entre a França e a Espanha; suado, cansado, desidratado e tonto, sei que vou morrer. Continue lendo →
O passado às vezes volta como imagens imprecisas. Oníricas. Alucinógenas. Etílicas. (Existe diferença?) Imagens distorcidas pelo tempo. Pela memória. Pelas camadas de mentira com as quais cobrimos as histórias que contamos para nós mesmos. Não sei, portanto, se (ou em que medida) inventei tudo isso.
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aenean et tristique lorem. Suspendisse sollicitudin, neque vel sagittis fermentum, augue tortor aliquet dolor, eget vehicula nulla libero vel mauris. Fusce id nisl quis risus convallis dapibus non in orci. Quisque in ligula erat, nec tristique mi. Mauris eu eros nunc.
As rodinhas não funcionam no chão de cascalho: tenho que levantar as malas e caminhar os cem metros que me separam do chalé. Paro na porta, suado, e olho ao redor. O silêncio é apenas cortado por um carro que passa pela estrada. O local não chega a ser “bonito”. De repente, sinto-me cansado e só…
Quatro da tarde. O remis desacelera, cruza o acostamento da Ruta 92 e encosta perto da guarita que protege a entrada da Pousada. Saltamos. O motorista e eu. O local é simpático: um aglomerado de casinhas rústicas um pouco isoladas umas das outras. Olho em volta e vejo apenas um segurança no portão. Havíamos chegado! Mas… Como proceder? Continue lendo →
Mendoza não é a Borgonha. Não se espera que, no Vale de Uco, algum fator climático transforme uma colheita promissora em um desastre da noite para o dia. Ainda assim constato — sob o sol inclemente —, que minhas petit verdot precisam ser colhidas. Se elas falassem, talvez estivessem implorando… Continue lendo →
Embora não seja verdade absoluta que o vinho melhora com a idade, hoje posso afirmar com certeza que a idade melhora com o vinho. A parte triste deste aforismo é que, para que tenha credibilidade, é necessário que tenha partido de alguém que tenha envelhecido. O que é algo triste de reconhecer… Continue lendo →
Entre os designers (ou desenhistas industriais, para quem preferir) o alemão Dieter Rams é quase uma lenda. Rams é conhecido sobretudo pelos produtos que projetou para a Braun cujos ecos (estéticos e funcionais) chegam até nós, entre outros, pelos produtos da Apple, de Jonathan Ive.